31.7.14

EL CORTO VERANO DE LA ANARQUÍA DE BARCELONA
























Barcelona, julio de 1936. Treinta mil milicianos, anarcosindicalistas de la CNT, armados con fusiles viejos y algunas ametralladoras, se echan a la calle para frenar al ejército golpista. Treinta mil locos, treinta mil cuerdos, treinta mil hombres y mujeres soñando despiertos, derrotan a las tropas del general Goded. Durruti, García Oliver y Ascaso lideran la lucha. Durruti cae herido: una bala le roza el pecho y otra la frente. Protegido tras una barricada, ve caer a Ascaso, su compañero de tantos años de lucha, quien, con una actitud quijotesca, suicida, se ha arrodillado en mitad de la calle, desprotegido, afinando la puntería para acertar al francotirador que desde el cuartel de Atarazanas diezma las líneas de los anarquistas. Una lluvia de balas le destroza el pecho. Los anarquistas, presos de un furor incontenible, se lanzan en estampida sobre los muros del cuartel. Abren un boquete en ellos y se introducen a través de él, acabando con la resistencia.
Los anarquistas alzan el cuerpo de Ascaso en brazos. Tiene la frente atravesada por un balazo y un reguero de sangre le baja por las mejillas. Aún tiene los ojos abiertos. Durruti y Garcia Oliver lo ven pasar, mientras la muchedumbre estalla en gritos “¡Han matado a Ascaso!”. Observan su cuerpo alejándose, sacudiéndose sobre los hombros de los compañeros de la CNT. Se miran incrédulos. Durante unos segundos el estupor se apodera de ellos. Pero no hay tiempo para el duelo. Enseguida se recobran. Se levantan de nuevo. Se dirigen al edificio de la comandancia militar, que se rinde tras unos minutos de lucha. La rebelión ha fracasado en Barcelona. El pueblo en armas ha derrotado a la reacción, al fascismo, y un viento como nunca antes sopló en España recorre las calles de Barcelona.
“¡Viva la FAI! ¡Viva la anarquía! ¡Viva la CNT! ¡Compañeros! ¡Hemos derrotado a los fascistas! ¡Los combatientes obreros de Barcelona han vencido al ejército!” gritan. El mundo nuevo que traen los anarquistas en sus corazones comienza a edificarse en Barcelona. Empieza el corto verano de la anarquía. Es el verano de la esperanza, el verano de la emancipación del proletariado. Nunca antes hubo tanta ilusión en los ojos de ningún español. La clase obrera española, sufridora de incontables agravios, que había soportado el hambre, la miseria, la represión y la muerte a manos de los patronos, dirige por primera vez en la historia su propio destino. La ciudad afila sus calles con los puños en alto de sus habitantes. Barcelona es, durante dos meses, la ciudad de la clase obrera.
Lo que ocurrió después está en los libros: comunismo libertario, esperanza, desunión más tarde; Durruti muerto en Madrid; lucha entre comunistas y anarquistas, con el posterior triunfo de los primeros; desarticulación de las asociaciones anarcosindicalistas; llegada de las tropas del general Yagüe y victoria de los nacionales; cuarenta años de oscuridad.
Pero yo aún puedo sentir aquel viento de libertad, aquellas voces emocionadas, el coraje de aquellos obreros dispuestos a morir para frenar al fascismo. Una energía tan poderosa como aquella no puede destruirse con una derrota. El carácter de aquel pueblo fue derrotado, pero nunca podrá ser destruido. Se transformó. Se convirtió en una fuerza inmaterial que hoy vive en los corazones de muchos. Siempre pensé que los españoles tienen algo de anarquistas, que no puede ser casualidad que este país, anomalía histórica y política, fuera el único de Europa con más anarquistas que comunistas. Hay una parte de aquella Barcelona en cada pueblo, en cada barrio, en cada ciudad. Hay una parte de aquella Barcelona en cada hombre y cada mujer que levanta su voz contra la opresión. El corto verano de la anarquía de Barcelona puede convertirse en la larga primavera de la justicia social. Por eso se teme tanto a la izquierda en España: porque aquel sol del verano de Barcelona, aquella luz, puede disipar, en cualquier instante, la oscuridad que atravesamos.



Javier Nix Calderón 

29.7.14

1936 a 1939, preparação para o chamado período dourado do Cinema Português

O Final dos Anos 30

A segunda metade da década de 30, concretamente de 1936 a 1939, corresponde à fase de preparação para o chamado período dourado do Cinema Português, no qual a arte de representar e as histórias de gosto popular são ainda hoje, em pleno séculoXXI, vistas pelas mais diversificadas gerações. 
Em 1936 a Tobis alugou o seu estúdio para a rodagem do filme “A Revolução de Maio”, ao então designado Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), criado em1933, com a missão de coordenar a propaganda política do Estado Novo, assim como a informação pública, comunicação social, acção cultural e o turismo, tendo tomado mais tarde, em 1945, a designação de SNI (Secretariado Nacional de Informação).
Com a mão forte de António Ferro, o qual dirigiu as duas instituições de 1933 1950, foi chamado para a função de Realizador o denominado homem do regime, em termos cinematográficos, António Lopes Ribeiro, sendo o financiamento do filme suportado pelo próprio SPN.
De acordo com “O Cinema no Ensino da História”:
“O filme tem um personagem omnipresente que passa por ser a acção da polícia que, no nosso entender, simboliza o próprio regime politico – o Estado Novo –, que tudo controla e tudo vê, a própria ordem dos regimes de direita. A personagem imprime o carácter ditatorial ao regime e ao filme, pois não existe uma visão plural e democrática. A visão plural é-nos dada no princípio do filme em que surge César Valente, sujeito subversivo que quer trazer novos ventos a Portugal, e a polícia do regime que procura combater esse mal, porém aguarda que as alterações que aquele observa na sociedade sejam suficientes para que César Valente se submeta ao regime e concorde com o projecto de uma revolução continuada, tendo o seu princípio em 28 de Maio de 1926.
Ambas as visões são complementares para que a história funcione, o caos procura destronar a ordem, porém a ordem vence e absorve os radicais ao regime. Pois o filme retrata o Estado Novo nas suas virtudes inquestionáveis” 
revolucao maio
“A Revolução de Maio”
Com a duração de 138 minutos, “A Revolução de Maio” conta na ficha técnica, para além de António Lopes Ribeiro (Realizador), com Baltazar Fernandes, pseudónimo deAntónio Lopes Ribeiro, e de Jorge Afonso, pseudónimo de António Ferro, autores do  argumento, sendo os diálogos e a montagem também da responsabilidade de António Lopes Ribeiro.
No casting fazem parte, entre outros, Luís CamposRicardo MalheiroRibeirinho eMaria Clara (cantora), sendo a cenografia de António Soares, a direcção de fotografia de Manuel Luís Vieira e Isy Goldberger, a direcção de som de Paulo Brito Aranha, a música e canções de Wenceslau Pinto, sendo o laboratório de imagem da Lisboa Filme, com distribuição em película de 35mm da Sonoro Filme.
A estreia deu-se a 6 de Junho de 1937, no Cinema Tivoli, em Lisboa.
João Bénard da Costain Histórias do Cinema, escreve:
“... A Revolução de Maio - é o único exemplo de uma ficção política tentado até aos anos 70 e o único filme feito explícita e expressamente à glória do Estado Novo, que o encomendou e pagou. (...)
Mas mesmo para esta versão tão soft de "filme fascista", António Ferro teve as suas dificuldades.
Lopes Ribeiro conta que antes dele, Ferro convidou sucessivamente para a realizaçãoLeitão de BarrosJorge Brum do Canto e Chianca de Garcia e que todos recusaram.
E o acolhimento ao filme, apesar de soleníssima estreia no Tivoli, a 6 de Junho de1937 (não se conseguiu acabar o filme ainda em 1936, ano do aniversário), com a presença do próprio Salazar, foi discreto, para dizer o mínimo.
Ninguém se lembrou de insistir mais em tal género de fitas, nem de pedir mais obras "que exaltassem vibrantemente a juventude, o trabalho e a alegria de viver" ou em que "as imagens colaborem com a história", na senda de palavras de Mussolini, recordadas por António Ferro na ocasião.
Aliás, o mais curioso exemplo dessa colaboração das "imagens com a história" consiste na extensa passagem de "Revolução de Maio" em que Lopes Ribeiromontou, com a ficção, o documentário do discurso de Salazar em Braga. Muito tempo depois, o Realizador afirmou que essa ideia ("actualidades" mais "ficção") lhe viera da sua estada na URSS em 1929 e dos filmes de "agit prop" de Dziga Vertov..."
trevo quatro folhas
“O Trevo de Quatro Folhas” 
O filme “O Trevo de Quatro Folhas” traz de novo à Tobis, em 1936, o Realizador Chianca de Garcia, o qual é co-autor do argumento, sendo este do género comédia de cariz americano, em que o trocadilho relativo a um determinado personagem que por parecença fisiológica com outras pessoas, vive situações nem sempre agradáveis.
Não existe qualquer cópia deste filme, razão pela qual só se podem fazer referências ao mesmo através de crónicas elaboradas na época por críticos em revistas e jornais. 
Entretanto, no 1º de Dezembro de 1936 a Tobis cede, gratuitamente, as bobinas dos filmes “A Canção de Lisboa” e “As Pupilas do Senhor Reitor”, assim como os camiões de geração de energia eléctrica, dos projectores de iluminação e de captação de som directo, à SUSF (Sociedade Universal de Super Filmes) para a concretização de uma récita de gala por ocasião da estreia do filme “Bocage”, o qual tinha sido rodado no estúdio da Tobis.
bocage filme
“Bocage”
O filme “Bocage”, de Leitão de Barros, teve duas versões concretizadas pelo mesmoRealizador, uma portuguesa e outra espanhola, esta última com o título “Las Três Gracias”, tendo sido entregue o papel principal, respectivamente, a Raul de Carvalho e a Alfredo Mayo, tendo sido até à data o filme mais caro, ou seja, com um custo de co-produção a rondar os 2.360 contos (472€).
Neste filme Leitão de Barros faz uma reconstituição histórica da Lisboa Antiga, jamais feita em Cinema, com cenários deslumbrantes e um soberbo guarda-roupa, contudo, de acordo com Luís de Pina:
“Leitão de Barros não consegue harmonizar, como em “A Severa”, o estúdio e a Natureza, a verdade dos rostos e a convenção da época reconstituída. Bocage, apesar do brio de Raul de Carvalho, pouco à vontade no personagem, deixa de ser o poeta singular, a figura discutida que o povo consagrou”.
Em Espanha, devido à guerra civil, o filme só se estreou em 1940. 
Em termos de sinopse, o mesmo pode resumir-se a:
A paixão de Bocage, antigo oficial de infantaria da marinha, pelas irmãs de um camarada António Coutinho, Márcia e Anália. Atormentado, Bocage dedica-se aos prazeres fáceis, junto da sensual Canária, mulata cantadeira do Brasil” 
Recuperando o que escreveu Armando de Miranda, em 1937:
Bocage é, em técnica e segurança cinematográfica, o melhor filme de Leitão de Barros.
A matéria-prima trabalhada, o tema, a história, é de inferior qualidade, não tem grande interesse, nem equilíbrio, nem emoção; mas a maneira como está trabalhada, a forma como aquilo nos é cinematograficamente apresentado, está bem e está certa, acusando os benéficos efeitos da experiência adquirida pelo realizador nos seus anteriores trabalhos e comprovando nítidos e claros progressos na arte das imagens.
Sintetizando: A essência é fraca; A forma é boa”.
Tendo concluído que:
O homem que escolheu o argumento, o seleccionador do motivo a tratar, falhou, errou na sua visão das coisas; mas o Realizador, esse não; esse, se não pode dizer-se que triunfou, deu, pelo menos, um grande passo em frente no campo da técnica cinematográfica, tratando com felicidade e segurança o tema inseguro e infeliz”.
maria papoila
“Maria Papoila”
Em Março de 1937Leitão de Barros pisa mais uma vez o estúdio da Tobis com o objectivo de realizar a comédia musical “Maria Papoila”, recorrendo para o efeito a uma actriz, Mirita Casimiro, cujo percurso profissional estava a dar excelentes resultados, tendo contribuindo significativamente para o sucesso do filme.
Citando o Realizador, numa entrevista da época:
"Maria Papoila é um filme popular. Realizado dentro de uma técnica simples, pois não pretende revolucionar a cinematografia, procurei rodeá-lo de todas as condições que possam despertar a atenção do público. Foi para ele que trabalhei, sem outras preocupações que não fossem as de realizar espectáculo acessível, no qual a alegria e a emoção têm lugares marcados.
A missão do cinema é contar - e quanto mais reportagem da vida, mais certo é. Eis por que a realização do meu filme não tem quaisquer aspectos transcendentes. Pelo contrário, toda a acção decorre numa toada simples, como simples é a história de amor que a anima.
Bem sei que o cinema, para muita gente, devia ter características intelectuais e directrizes superiores. Mas a verdade é que a sua feição mais acentuada é a de ser um espectáculo de multidões." 
Em termos de sinopse o filme trata da vinda para a grande cidade e respectiva integração de quem sempre viveu em zonas rurais, no qual ressalta a presença de soldados e criadas de servir, em voga na época, e os seus passeios no dia de folga, ou seja, ao domingo, assim como a sua entrega aos bailaricos dos santos populares, os quais constituíam um bom pretexto para o início de um novo namorico.
A história teve na imaginação de Vasco Santana a sua origem, em parceria comAlberto Barbosa e José Galhardo, sendo esta produzida em termos cinematográficos pela empresa Lumiar Filmes, cuja constituição se ficou a dever ao próprio Realizador,  o qual se associou a Campos Ferreira, o detentor do Parque Mayer através da sua empresa a Sociedade Avenida Parque.
Esta associação estratégica deveu-se ao facto de o Realizador pretender no elenco a actriz Mirita Casimiro, a qual se encontrava ligada através de contrato à Sociedade Avenida Parque, pelo que, apesar do sucesso de “Maria Papoila”, a Lumiar Filmes não voltou a produzir qualquer filme.
No elenco fizeram parte, também, o grande António Silva, num crescente de afirmação como actor de Cinema, Eduardo FernandesAlves da Costa e Maria Cristina, entre outros, tendo o filme sido rodado em película de 35mm, a preto-e-branco e com a duração de 98 minutos, tendo-se verificado a sua estreia comercial noSão Luiz, em Lisboa, a 15 de Agosto  de 1937.

Entretanto, em junho de 1937, é inaugurado o novo laboratório da Lisboa Filme, num espaço disponibilizado na Quinta dos Ulmeiros, paredes meias com a Quinta das Conchas, local onde a Tobis Portuguesa tinha instalado o seu estúdio e laboratório.
Por seu lado, o Decreto Lei 28.323/37 faz a prorrogação da isenção do pagamento de contribuições, assim como direitos alfandegários, pelo prazo de cinco anos, mais concretamente até de junho de 1942.  
8 de fevereiro de 1938, a Tobis Portuguesa celebra com o governo um contrato para a produção de filmes em África no âmbito da “Missão Cinegráfica às Colónias”.
Missão criada, em Julho de 1937, por iniciativa do Ministro das Colónias, tinha como objectivo a realização de documentários que divulgassem a vida local e o esforço colonizador desenvolvido pelos portugueses.
Enquadrada pela Agência Geral das Colónias, a Missão decorreu entre fevereiro e outubro de 1938 tratando-se da mais detalhada e exaustiva digressão de uma equipa de Cinema nacional fora do território continental.
A 14 de fevereiro de 1938, através da publicação do Decreto Lei n.º 28466/38, o mesmo passa a isentar o condicionamento das indústrias os laboratórios e depósitos de fitas cinematográficas.
Em março do mesmo ano, concretamente a 14, é dada aprovação ao novo contrato a ser celebrado entre a Tobis Portuguesa e a Klangfilm de Berlim, no sentido de aTobis adquirir uma nova unidade de captação e registo de som transportável do mais moderno que a indústria apresentava à data, a Eurocord B.
aldeia roupa branca
“Aldeia da Roupa Branca”
Esta aquisição permitiu que a empresa continuasse a rodagem de filmes no seu estúdio como, “Aldeia da Roupa Branca”, evitando-se, assim, a paragem ou a sonorização no estrangeiro, dado que o equipamento existente estava a ser utilizado na “Missão Cinegráfica às Colónias”.
27 de abril procedeu-se à alteração dos Estatutos da Tobis Portuguesa, da qual constou a nova constituição do corpo social, ou seja, o Presidente do Conselho de Administração passou a ter uma acção mais interventiva através da presidência do Conselho de Produção, sendo criada, ainda, a figura do Administrador-Delegado.
Para Chianca de Garcia o ano de 1938 foi muito produtivo dado ter realizado dois filmes, concretamente a história dramática “A Rosa do Adro”, já filmada na versão muda, em 1919, pelo francês George Pallu para a Invicta Film, decorrendo a acção no período das lutas liberais, agora na versão sonora com Maria  Lalande Oliveira Martins, o galã da época, com o qual tivemos oportunidade de conviver na sua passagem pela RTP, e “Aldeia da Roupa Branca”, um dos mais marcantes filmes passado numa zona saloia lisboeta, ao qual Beatriz Costa ficou definitivamente ligada, tanto ao filme, dado ter sido o último em que fez parte do elenco, como à aldeia onde nasceu na zona da Malveira, mais concretamente na Charneca do Milharado.
rosa adro
“A Rosa do Adro” 
Enquanto “A Rosa do Adro” nos conta a história de Rosa e a sua paixão porFernando, a qual é correspondida pelo mesmo, só que este vai para o Porto e acaba por se enamorar por Deolinda, filha de uma baronesa de grandes recursos económicos, no “Aldeia da Roupa Branca” toda a trama se desenrola em torno de duas famílias que pretendem dominar, em termos de monopólio, o serviço de transporte então usado pelas lavadeiras, tanto na entrega da roupa tratada, ou seja, lavada e engomada, e a recolha de mais matéria prima para alimentar o negócio.
Num filme, superiormente dirigido, surgem dois nomes que são uma referência para o audiovisual português, respectivamente Elvira Velez (actriz) e Hermínia Silva (fadista), para além de Beatriz CostaJosé AmaroManuel Santos Carvalho e Óscar de Lemos.
À data da rodagem de “A Aldeia da Roupa Branca”, Chianca de Garcia era oSecretário-Geral do São Luiz, posição que  lhe permitiu fazer a proposta à empresa proprietária do mesmo para a constituição de uma empresa, a Espectáculos de Arte, para produzir, unicamente, “A Aldeia da Roupa Branca”, juntando-se ao grupo aSociedade Avenida Parque, detentora dos direitos de exploração do Parque Mayer, como referido anteriormente, assim como o Produtor Luís Machado.
O cenário da aldeia saloia foi montado junto ao estúdio da Tobis, sendo o mesmo da responsabilidade do Arq. Arcindo Madeira. O filme, rodado em película de 35mm, apreto-e-branco, tem a duração de 82 minutos.
rodagem fidalgos
Rodagem do filme “Os Fidalgos da Casa Mourisca”
Um outro filme de referência para a época, para além de outras razões, deveu-se ao facto de ter sido o primeiro, na qualidade de Realizador Arthur Duarte, foi “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, o qual estreou, em Lisboa, no dia 22 de junho de 1938, no pitoresco Cinema Odeon.
Artur Duarte pegou na Obra homónima de Júlio Dinis e deu-lhe uma linguagem menos literária e mais cinematográfica, mantendo, contudo, toda a história contida no romance, deixando o modo de vida do século XIX transportando-o para o século XX, mais concretamente para 1937, ano de rodagem do filme.
No cartaz constavam os nomes de Henrique de AlbuquerqueTeresa Casal (à data mulher do Realizador), Tomás de Macedo e, em estreia absoluta como actor,Henrique Campos, o mesmo que anos mais tarde enveredou pelas as funções deRealizador.
rodagem cancao terra
A Canção da Terra
Em 1938 entra em acção, também, pela primeira vez, Jorge Brum do Canto, o qual tinha ligações familiares com o arquipélago da Madeira, em especial com a Ilha de Porto Santo na qual roda “A Canção da Terra”, sob um Sol muito intenso ao longo de um mês, reflectindo este estado do tempo o grande problema da Ilha, ou seja, a ausência prolongada de chuva e os malefícios da mesma, assim como a sua influência na relação entre os ilhéus, que acabava, quase sempre, com o empurrar os mesmos para a condição de emigrantes.
Graças à sua força plástica e uma dramaturgia  intensa a crítica da época, dos mais diversificados quadrantes, vergou-se perante os resultados alcançados, tendo Alves Costa concluído ser esta Obra:
“Um filme a sério, a valer, honesto, viril e são, razão pela qual deve ser considerado o primeiro filme português a apresentar, verdadeiramente, qualidades que o tornam uma autêntica Obra cinematográfica”
Do elenco fazem parte Elsa Romina (Bastiana)Barreto Poeira (Gonçalves)João Manuel Pinheiro (Nazairinho)Maria Emília Vilas (Mãe) Óscar de Lemos (Caçarola), sendo o suporte de rodagem em película de 35mm, a preto-e-branco, tendo a fita a duração de 97 minutos.
Face à posição, à época, da crítica, que o considerou como um filme maior, Jorge Brum do Canto limitou-se a comentar:
“A Canção da Terra é quase um filme de cowboys, tendo, acima de tudo mais, aquele ritmo feroz, impressionante e ofegante dos westerns, ritmo que foi o pai de todo o Cinema de hoje”
Por seu lado, João Bénard da Costa, no seu “Histórias do Cinema”, dá-lhe nota positiva, sendo sua a opinião de que:
Visto à distância de quase cinquenta anos, "A Canção da Terra" não perdeu qualidades, sobretudo naquilo que sempre constituiu o seu forte: o ritmo visual, a sequência sempre dominada pela imagem, a beleza incomparável da terra e do mar, o tom lírico mantido com segurança e sem pieguice. Jorge Brum do Canto soube traduzir essa imagem poética numa forma cinematográfica que muito deve ao seu operador Aquilino Mendes. Mais próximo de Flaherty ou de Epstein que dos russos, sobra-lhe uma sensibilidade e um conhecimento pessoal muito directo daquilo que mostra” 
Estamos em 1939, a um ano do arranque da década marcante do Cinema Português, em que as acções de reequipamento, instalações, assinatura de contratos e tudo mais que a indústria cinematográfica obriga, eis que a Lisboa Filme comunica, no dia1 de fevereiro ao SPN que transferiu o escritório, o estúdio e o laboratório para a sua nova sede na Quinta dos Ulmeiros, a portas-meias com as instalações da Tobis, no Lumiar, procedendo-se, a 19 de março à assinatura do contrato para a produção do filme João Ratão, assim como a 13 de maio à assinatura do contrato para a produção do filme A Varanda dos Rouxinóis, e, nos finais de maio à aquisição de um equipamento de Back Projection em Paris, a ser usado no filme João Ratão.         
Em junho a aparelhagem da TobisEurocord B, é alugada pela SPAC para a 2.ª Viagem Presidencial às Colónias de África e Territórios Britânicos da África do Sul, concluindo-se, em setembro, os trabalhos de construção do restaurante, da cozinha e da cantina do estúdio da Tobis, sendo o percurso entre o estúdio e o restaurante feito através de um túnel, o que preservava a maquilhagem e caracterização dos actores ao estado do tempo, caso a deslocação fosse feita pelo lado exterior dos edifícios.
varanda rouximois
A Varanda dos Rouxinóis
19 de dezembro  de 1939 estreia o filme “A Varanda dos Rouxinóis”, de Leitão de Barros, no Tivoli, em Lisboa, com a presença do Sub-Secretário de Estado das Obras Públicas e Comunicações, do Governador Civil de Lisboa, do Presidente do MunicípioDr. Duarte de Figueiredo, em representação do Ministro da Educação Nacional, e outros. O filme apresenta a actriz revelação Madalena Sotto.
Na qualidade de último filme da década dentro do género comedia popular, “A Varanda dos Rouxinóis” conta com um casting de luxo com especial destaque para as interpretações de António Silva e Maria Matos, pela primeira vez num frente-a-frente,CostinhaOliveira MartinsSilvestre AlegrimRegina MontenegroDina Teresa e a estreante Madalena Sotto, sendo a fotografia da responsabilidade da dupla Salazar Diniz/Octávio Bobone, argumento e diálogos de João Bastos e a música de Frederico de Freitas.  
A interprete de Severa no filme com o mesmo nome, Dina Teresa, volta aos ecrãs portugueses pela segunda e última vez, de novo pela mão de Leitão de Barros, correspondendo está à sua última aparição, no papel de uma actriz que passa a um plano secundário graças ao aparecimento de uma vedeta da nova vaga, correspondendo esta situação a um facto real na sua vida de actriz teatral, girando a história em torno da volta a Portugal em bicicleta. Por tal razão foi viver para o Brasil, só voltando a Portugal para morrer no país que a viu nascer.
A responsabilidade de Produção esteve a cargo da Tobis Portuguesa, a qual optou pelo registo dos cerca de 102 minutos de filme de 35mm a preto-e-branco. A cópia existente na Cinemateca Portuguesa (ANIM) não conta com a totalidade do filme, nomeadamente com a parte final.

Madrid

































http://www.madrid1936.es/



28.7.14

-|-eskorbuto-|-



Cerebro de mono, tripa de sapo,
rabo de rata, esencia de lapo
Regla de monja, semen de gato,
ojo de buitre, nariz de payaso
Flores de años, camas de asfalto
juego de tiempos, corre caballo
Grito de espanto …
¿Dónde está el porvenir
que crearon nuestros viejos?
¿O es acaso esta puta mierda en la cual vivimos?

20.7.14

Vivancos: el revolucionario apacible

José Álvarez / Ars Operandi 

La Sala CajaSur-Gran Capitán acoge desde principios de este mes la exposición de pinturas de Miguel García Vivancos, realizada por la Obra Social y Cultural CajaSur aportando fondos propios de la entidad, una colección de óleos sobre lienzo fechados entre 1963 y 1971, donde Vivancos despliega su habitual repertorio temático: paisajes campestres, fiestas, vistas de pueblos, interiores y bodegones llenos de color y detallismo, una visión personal melancólica y tranquila que situó al pintor como uno de los más importantes pintores naif de la segunda mitad del pasado siglo.

Lo cierto es que la azarosa vida de Miguel García Vivancos, hoy considerado el más internacional de los pintores naifs españoles, distó mucho de tener relación alguna con las artes plásticas en más de la mitad de su discurrir, y no fue hasta que Vivancos cumplió 50 años, cuando el antiguo revolucionario y luego disciplinado militar al servicio de la República tomase telas y pinceles con un propósito claro de subsistencia en plena posguerra mundial; pero, con tanta fortuna, que llevó a Picasso a decir de sus obras que “obliga al que las contempla a amar su pintura".

Miguel García Vivancos nació en Mazarrón, en la provincia de Murcia, el 19 de abril de 1895, aunque pronto marchó con la familia a Barcelona, donde comenzó a trabajar y a militar en el anarcosindicalismo desde fechas tempranas. Su carrera como hombre de acción de la C. N. T. está ligada a los momentos más duros del sindicalismo español. Los hombres de acción eran la respuesta armada al terrorismo blanco ejercido por la patronal a través de pistoleros a sueldo para combatir al movimiento obrero. Desde la C. N. T. se forma el grupo “Los Solidarios”, del que formaron parte inicialmente, y además de diversos colaboradores directos y personas de confianza, Eusebio Brau y Alfonso Miguel, catalanes; Rafael Torres Escarpín y Francisco Ascaso, aragoneses; Aurelio Fernández, asturiano; Gregorio Suberviela, castellano; Buenaventura Durruti, Antonio El Toto y Manuel Campos Torinto, leoneses; Bargutia, vasco, y los levantinos Ricardo Sanz y Miguel García Vivancos.

-->De i a d: García Vivancos, García Oliver, Louis Lecoin, Pierre Odéon, Francisco Ascaso y Buenaventura Durruti (Poble Espanyol. Montjuïc. Barcelona, mayo de 1931)
“Los Solidarios” comienzan entonces a buscar fondos para la causa de todas las maneras posibles, incluidos atracos a bancos e instituciones y extorsiones a empresarios. Este modo de financiación procuró al grupo dinero en metálico con el que armarse y establecer una sólida infraestructura.

La actividad de “Los Solidarios” no se limitaba a las actuaciones armadas. Editan revistas y periódicos como Crisol, de distribución gratuita entre los militantes anarquistas, financian la Librería Internacional de París -más un centro de apoyo a refugiados anarquistas que librería-, costean escuelas gratuitas, ayudan a trabajadores en huelga y a los familiares de los sindicalistas asesinados… La osadía del grupo era enorme: en octubre de 1923 se las ingeniaron para comprar 1.000 rifles y 200.000 cartuchos de la marca Gárate y Anitua, en Eibar, los cuales trasladaron y almacenaron en Barcelona, esperando usarlos en un gran levantamiento armado que, al fracasar, supuso la devolución al fabricante, quien las aceptó como “mercancía devuelta” . Esto da idea de la gran eficacia organizativa del grupo.

A la vez, van cayendo bajo las balas los objetivos anarquistas: el cardenal Soldevila, en Zaragoza, el ex gobernador de Bilbao, González Regueral, en León, Ramón Laguía, jefe de los pistoleros del Libre, en Manresa, y otras personas que se habían significado activamente en la represión contra el movimiento obrero . Por parte de “Los Solidarios”, el primero en caer será Eusebio Brau, muerto por disparos de la Guardia Civil en septiembre de 1923, dos días después del atraco al Banco de España en Gijón, al ser descubierto el grupo en Oviedo. García Vivancos marcha entonces con Durruti a París para atentar contra el pretendiente carlista don Jaime, al que no logran localizar, por lo que regresan a Barcelona. Torres Escarpín, Ascaso y Fernández buscan en San Sebastián a Martínez Anido infructuosamente, ya que este se hallaba a resguardo en La Coruña temiendo las represalias anarquistas antes de ser nombrado Alto Comisario de Marruecos. Aún así, le siguen hasta allí, sin lograr encontrarlo, al parecer descubiertos por uno de sus escoltas. Las detenciones, los enfrentamientos con la policía son continuos. También son abatidos por la policía secreta Suberviela y Campos, en 1924 , y Ascaso es detenido acusado del asesinato de Soldevila. Con la llegada de la Dictadura de Primo de Rivera, la represión contra los anarquistas aumenta. El nuevo régimen decreta la ilegalización de la C. N. T., la clausura de sus locales y la prohibición de sus periódicos, como Solidaridad Obrera, el de mayor circulación, y se ordena fichar a todos los militantes anarquistas. García Vivancos es detenido y condenado a tres meses de cárcel por desórdenes públicos. Tras ser puesto en libertad se exilia a Francia con otros compañeros de “Los Solidarios”, donde prosiguen sus actividades contra la Dictadura.


Mandos del XII Cuerpo de Ejército con el comandante de la 25º División García Vivancos (al centro) durante la toma de Belchite (06-09-1937)
A inicios de 1925 el grupo decide marchar a América con la idea de potenciar el movimiento obrero y desencadenar la revolución en el continente americano. Recalan en Cuba, México, Perú y Chile, comprobando que la clase obrera, pese a la opresión soportada y a la general miseria, carece totalmente de conciencia revolucionaria, resultando imposible encontrar apoyo alguno a su causa. En Chile, una parte de “Los Solidarios”, entre ellos García Vivancos, abandona el grupo para volver a Francia, embarcando en Valparaíso.

Sus actividades clandestinas prosiguen y a la llegada de la II República está envuelto en las sublevaciones de la F. A. I. y en la oposición a las líneas moderadas anarcosindicalistas, pero en febrero de 1936 actúa de mediador entre anarquistas y frentepopulistas para aunar las fuerzas de ambos bloques con vistas a las elecciones. En julio de 1936, tras luchar en las calles y frenar la sublevación facciosa en Barcelona, García Vivancos forma junto a Jover y García Oliver la columna “Los Aguiluchos”, con la que parten al frente la última semana de agosto. A partir de entonces García Vivancos se alinea como defensor de la República, anteponiendo la disciplina a la actitud revolucionaria, consciente de la necesidad de dotar a las milicias de un orden que supusiera una mayor efectividad en el combate.

Durante la guerra, García Vivancos está presente en diversos episodios como la Batalla de Teruel, donde cae herido. Será ascendido a teniente coronel, ostentando el mando de las divisiones 24º y 25º. El último tramo de la guerra lo pasará como jefe de la zona fronteriza de Puigcerdá, donde organiza la evacuación de cerca de 100.000 personas, cuidando de que no se produzcan desmanes durante la retirada de las tropas. Al fin pasa la frontera el 13 de febrero de 1939.

El destino de García Vivancos es el mismo que el de aproximadamente la mitad del más de medio millón de españoles que pasaron los Pirineos huyendo de la represión de las tropas franquistas: los campos de concentración franceses, un nombre que, en muchos casos, se da a una simple playa rodeada de alambradas. Pasa en los campos de concentración cuatro años, hasta que es liberado por la Resistencia, a la que se une, luchando contra los nazis hasta la liberación de Francia en 1944.

Vivancos vistiendo el uniforme de teniente coronel del Ejército de la República Española

 
La posguerra en Francia es de gran dureza, y más para un exiliado español. García Vivancos y su compañera Pilar subsisten desempeñando diversos trabajos, los que se ofrecen. A través de un conocido entra a trabajar con un emigrado ruso propietario de un pequeño negocio artesanal de venta de pañuelos y chales de seda pintados a mano. Vivancos comienza entonces a pintar por vez primera y, poco a poco, va aprendiendo la técnica y el secreto de los colores, de una forma práctica. Mediante tesón y esfuerzo, Vivancos consigue adquirir los conocimientos necesarios para pintar, produciéndose una verdadera revelación en el ánimo del antiguo revolucionario. El descubrimiento de la creación pictórica supone un deseo para Vivancos de dedicar su esfuerzo a la pintura. Se siente un hombre nuevo y sabe que en esta capacidad artística que ha descubierto se encuentra su futuro.

Deseoso de conocer alguna opinión autorizada sobre su pintura, decide ir a ver a Picasso a París y mostrarle al maestro sus obras. Picasso se convertirá desde ese momento en su gran valedor. Su apoyo no se limita a unas palabras afectuosas, sino que llama a Marie Cuttoli, marchante, quien introduce a Vivancos en los círculos coleccionistas, que comienzan a comprar su obra. Con el paso de los años, personajes populares como Pablo Neruda, los Rothschild, Dora Maar, Anthony Quinn, Greta Garbo, Helena Rubinstein, Kirk Douglas o François Mitterrand junto a otros muchos reputados coleccionistas adquirirán lienzos de Vivancos, quien vive en los 50 y 60 una exitosa carrera.

Tulipes, 1968
Nostálgico de su patria, y conocedor de su delicado estado de salud, solicita permiso oficial para regresar a España, que se le concede en 1970, retornando al fin en noviembre de 1971.

Vivancos elige Córdoba para establecerse. En París un amigo, exiliado como él, le había recomendado la ciudad andaluza, en la que vivía su hermano, como la más indicada para su salud por su clima seco. Vivancos llega con Pilar y sus hijas, Elena y Sara, radicándose en el barrio de Ciudad Jardín. Pronto toma contacto con intelectuales y coleccionistas, como Castilla del Pino y Leandro Jimena, así como con artistas, y su casa es frecuentemente visitada, lo que preocupa a sus nuevos amigos, dada la antigua significación política de Vivancos, que se comporta con sencillez y una cierta ingenuidad, teniendo en cuenta que la dictadura aún duraría cuatro años más. Todavía son objeto de una discreta vigilancia, pues en ambientes policiales la familia es señalada como “miembros del anarquismo internacional”, e incluso sufrirán las molestias de llamadas anónimas. Vivancos, muy quebrantado de salud, aunque con buen aspecto y un admirable porte a sus 77 años, a los dos meses de su llegada es ingresado en el Hospital Provincial, donde fallece el 23 de enero de 1972.

L'eglise de Tosse (Landes), 1967

Martigues, 1966
En octubre de ese mismo año, la galería Studio 52, propiedad del fotógrafo José Jiménez Poyato, quien la dirigía junto al crítico Francisco Zueras, organiza la primera exposición póstuma del pintor. Ya en el mes de abril, Sara Vivancos, quien había comenzado su carrera artística, expone en la Sala Céspedes del Círculo de la Amistad. La familia decide entonces intentar la aventura como galeristas e inaugura la Galería Vivancos en la calle Doce de Octubre. La existencia de la galería es corta, aunque da tiempo a acoger una interesante programación que incluirá a nombres como Juan Molina, Ginés Liébana, Gerardo Delgado o José Ramón Sierra, así como una doble exposición de arte joven cordobés entre los que se incluyen artistas como José María Báez, José María García–Parody, Rafael Cabrera y la propia Sara Vivancos. En junio de 1975, la galería acoge la antológica dedicada a Miguel García Vivancos. Tras un total de 11 exposiciones, la galería cerrará sus puertas, marchando entonces la familia a vivir a Italia.

Artículo del periodista cordobés Eladio Osuna en el Correo de Andalucía dando cuenta de la exposición póstuma de Vivancos en Studio 52

Córdoba acogerá aún dos exposiciones más del pintor. En 1989 la titulada Vivancos, que también visitaría las ciudades de Jaén y Murcia. En 1995 son las salas de la Caja Provincial de Ahorros las que acogen la muestraCentenario de VivancosLa actual exposición Vivancos, que se lleva a cabo en la Sala CajaSur-Gran Capitán, muestra la colección de lienzos del pintor perteneciente a los fondos pictóricos de CajaSur. La exposición, realizada con la colaboración de la Fundación Provincial de Artes Plásticas Rafael Botí, realizará posteriormente una itinerancia por diversos pueblos de la provincia cordobesa.

Goya, Nacionalismo e Inferno


















 












12/17/13 at 3:29 PM

1- "pão e touros", já te tinha mandado um excerto do panfleto provocatório do León de Arroyal, aqui o surgimento de uma "classe" muito interessante dentro das classes baixas populares , Majos y Majas, as ralés urbanas ultraconservadoras, que vestem fatos exagerados de um folclore tipicamente espanhol que se vai formando (birth of complex lenita). Que nas touradas se vêm representados no matador a pé, que provém da sua estirpe, e que complementa os até então exclusivos toureiros aristocratas (ou assim para o nobre) a cavalo. Os majos e as majas vão passar os domingos em grandes piqueniques nos arrabaldes à saída da urbe e distinguem-se de certas juventudes mais previligiadas influênciadas pelo iluminismo(os pobres, os mesmo da miséria, aparentemente ainda não entram nesta equação), procuram bulhas com eles e chamam-nos "afrancesados".  
2- "eu vi isto", a direita, os monarcóides em geral vão invocar a guerra de independência de 1808 aquando do golpe`36, o 2 de maio, a devastação do napoleão, um caos, e uma vergonha frustrante para um movimento liberal que se vai enterrar à grande. 
«O Dois de Maio de 1808, ocorrido em Madrid, é um dos acontecimentos que mais tem sido interpretado, apropriado e manipulado
historicamente pelos diferentes regimes, partidos e ideologias implicadas no processo de “construção”, definição e consolidação discursiva da nação, da memória colectiva, da identidade e do Estado nacional espanhol.»  (Janete Abrão) 
o nacionalismo(ainda está só a começar) e o tradicionalismo modernos(contrasenso?) vêm daí. E são ilustrações negras dessas contradições que o goya faz.
«A reacção pode implantar-se a partir das alfurjas do estrangeiro, mas nunca a revolução se exporta nas pontas das baionetas.»
3- "disparates", fazendo referência a uma das séries de gravuras brutais do méne (como os desastres e os caprichos), é descrita a descida aos infernos deste período, aos vários infernos, aos interiores, aos metafóricos, aos do imaginário colectivo, ao da guerra imperialista, ao da psicose nacionalista. Uma ligação, talvez forçada, aos subterrâneos ibéricos de que falavas e que procuras (mais uma).
e há muita pintura e gravura a acompanhar isto, claro. e muitas biografias paralelas.
Onde se arruma isto? aqueles caixotes ainda existem? no arquivo mais geral? (memória/arquivo/ficção). Já tens alguma coisa empilhada? 
Ainda não tive tempo de ver uma data de coisas (até algumas que te mandei). Tenho de ver o orlando ribeiro, que  não conheço, geografias sociais parecem interessantes. No outro dia surripiei o "erotismo" da biblioteca de um amigo meu, de maneiras que o tenho aí e vou folheando.. Outras coisas virão. Não sabia nada da "mala de cartão", parece-me óptimo um diálogo com o Brandão.. no mínimo. Promete.  Enfim, tem tudo um ar gostoso..
Em relação ao arquivo, acho que acrescentaria mais dois caixotes ou sub-caixotes: memórias afectivas (nossas) e ensaios/fugas para quando se quiser experimentar um lirismo ou uma condução qualquer. 
Mas pronto, como te disse, não consigo discorrer muito sobre o macro agora, dentro da cabeça. Vou pista a pista... para não me perder.
E é isso, e tu? a quantas andas?
até,
bejo
******************************************************************************************************
PAN Y TOROS
O majo e a maja, que são para o povo espanhol dos anos de 1780 o que o pícaro fora um século mais cedo, o que o incroyable foi para a burguesia de 1800, o que o zazou será para a para a pequena burguesia de 1944, são a encarnação ingénua e pitoresca das contradições e dos sentimentos do povo espanhol de então. Esta bela ovelha ranhosa mai-la companheira são os melhores rapazes e raparigas de certo mundo. Sempre prontos a armar zaragata ou a partir a loiça toda, a ajoelhar-se diante de uma procissão, a gritar: «Viva o rei!», E a achar que a Espanha antiga possuía todas as virtudes, que hoje em dia se perdem. Desconfiam dos filósofos e dos discípulos das luzes, que querem transplantar para Espanha reformas talvez necessárias, mas seguramente estrangeiras. Como os industriais de 1927 iam dançar à rua da Lappe, os grandes senhores de 1780 disfarçam-se de majos de majas, aplaudem no teatro os Sainetes populares de Ramon de la Cruz, caros à gentinha madrilena, recebem em sua casa os toreros e disputam os comediantes.
(...)
EU VI ISTO 
Quando os regicidas de Paris, ao mesmo tempo que a cabeça de um rei, fazem em postas o pilar do feudalismo, a Espanha inteirinha é transportada pela indignação. A guerra que Manuel Godoy declara à República Francesa é uma guerra nacional. São recursos voluntários e o sangue entusiasta do povo que erguem esse exército cujo objectivo é libertar a França do jugo infame da liberdade. Bastam algumas semanas para que esse grande vento caia, que esses recursos se esgotem, e que esse entusiasmo dê lugar ao derrotismo. O próprio Godoy constata: Ninguém aprovava a marcha violênta da Revolução francesa, mas abraçavam-se de boa vontade as teorias que a  tinham produzido; via-se com maus olhos uma cruzada armada para a abafar.  Godoy esse, segue sempre os movimentos que finge dirigir, suspende as despesas, assina em 1795 a paz de Basileia. É em 1798, três anos mais tarde, que Goya pinta o retrato do embaixador de França em Madrid, o ex-regicida Ferdinand Guillemard. O homem que votou a morte do Bourbon de Paris representa a França junto do Bourbon de Madrid. Godoy escreve dessa época: A geração nascente mostrava uma predilecção muito viva pela nova França... sobretudo os jovens da classe intermediária, e alguns das classes priveligiadas. Mesmo em Madrid ...viu-se ...as damas da mais alta nobreza mostrarem-se em público, enfeitadas com fitas tricolores. (...)
 Para Goya e os amigos, nenhuma dúvida: a França revolucionária é a pátria da Liberdade. E continua a sê-lo a seus olhos, quando ela se torna a presa desse pequeno Corso ambicioso, que começa por ser a encarnação da revolução armada, antes de ser a revolução asfixiada. Todas as contradições que vão dilacerar Goya, os amigos, o povo espanhol, vêm daí. As alternâncias entre submissão e revolta, de indiferênça e resistência, que nos chocam em Goya, como em tantos dos seus contemporâneos, existe sobretudo esse conflito latete, ainda mal decifrado por eles, que opõe, na ambiguidade de Bonaparte, a França de 1789 ao Império de 1802. 
A maior parte dos amigos de Goya, para quem a França é pátria das luzes e a conquistadora da liberdade, aderem ao novo regime: Moratin, Melendez, Valdez, Yriarte, Llorente. Goya assiste à sessão da Academia em que Yriarte saúda em José o sábio monarca D. José I (o ingénuo irmão de napoleão que este põe a governar madrid). 
  Jovellanos é mais lúcido. Entreviu imediatamente que a ocupação militar não pode em nenhum caso significar libertação de tiranias. A emancipação social e a presença de soldados estrangeiros são incompatíveis, e o exército dos invasores está às ordens de um rapace. José I bem pode dar-se ares de monarca esclrecido e protector do povo. Napoleão está-se nas tintas para os seus esforços que, em definitivo, servem os seus objectivos. Servem como uma máscara serve um malandrim. José é o "homem de palha" ingénuo do manhoso irmão. Enquanto José abole a Inquisição, decreta a suspensão dos direitos feudais, espadeira no papel as instituições da feudalidade, Napoleão torpedeia tranquilamente os seus esforços fazendo da Espanha uma nação desmantelada, sangrada ao estremo para sustentar o esforço da guerra imperial.  Jovellanos vê claro: Eu não pertenço a um partido, diz ele, mas à santa casa da independência da minha pátria... Poderá José aplicar os belos princípios do rei filósofo a um povo devastado por soldados estrangeiros? A reacção pode implantar-se a partir das alfurjas do estrangeiro, mas nunca a revolução se exporta nas pontas das baionetas.  O exército francês, acolhido pela simpatia passiva ou pela indiferença benevolente do povo espanhol, alguns meses bastam para que apareça como o que sempre foi: um exército inimigo. (...)
OS DISPARATES
William Blake é simplesmente um homem cujos pesadelos são a «projecção» das paisagens industriais da Inglaterra do seu tempo, cujo inferno, como o demonstrou o crítico inglês Klingender, é directamente inspirado pelas fábricas infernais em que penavam os operários de Manchester. O autor de Cantos da inocência e de experiência é um demente perfeitamente razoável.  (...)
Quando pinta o inferno, é porque é contemporâneo do inferno. Mas Blake é um grande poeta, e um desenhador medíocre. E, no entrelaçado das suas contradições e quimeras, nessa mistura singular de espírito revolucionário e alucinação metódica, há qualquer coisa que faz dele o contemporâneo de alma e data do velho surdo. Goya podia escrever, à margem dos seus pesadelos nocturnos e sob as suas visões de guerra: Eu vi isto. E Goya, sem dúvida mais por prudência de que por descuido, omitiu pôr legendas a muitos dos Disparates, essas legendas existem de antemão: são os Provérbios do inferno de Blake: Se o louco persistisse na sua loucura dava em sábio...  As prisões são construídas com as pedras da religião...  A alegria engendra, a dor traz ao mundo...   O que é fraco pela coragem é forte pela manha...  O ar está para a ave, ou o mar para o peixe, como o desprezo está para o desprezível...  Os tigres da cólera são mais sábios que os cavalos da instrução. (...)
Os Disparates são a descida aos infernos de Goya. Ele vem de lá. Sabe que o inferno é a estupidez, e que a estupidez é tirania. Os demónios de Goya terão uma posteridade directa. Nas litografias que Delacroix, fascinado por Goya, consagra ao Fausto de Goethe, tornamos a encontrar esses monstros agachados na sombra que, de Théophile Gautier a Baudelaire, resumiam para o romantismo a mensagem de Goya. Porém, ao lado das criaturas abissais de Goya, os monstros de Delacroix são reconstituições arqueológicas, como as gárgulas que Viollet-le-Duc acrescenta à Notre-Dame. Não passam de «monos» divertidos e pitorescos. Ao passo que, para Goya, os monstros são realidade. À margem de uma gravura dos Caprichos, escreveu: Os demónios são os que fazem mal impedindo os outros  de fazer bem, ou não fazem coisa nenhuma. (Esta gravura dos Caprinhos representa dois monges caricaturais, empaturrando-se complacentemente).
 Realidade, os demónios eram-no para Bosch ao qual os Disparates impõem a referência, e antes de mais pelo título, que Goya pede emprestado aos críticos espanhóis de El Bosco. Eram-no com uma precisão, um rigor que Goya, de certo, não tem. (...)
E, ao termo dos Disparates, a subida dos Infernos também é uma ascensão do animal para o homem, vitória do espírito sobre as bestas que grunhem nas pregas da humanidade desfeita.
Porque Goya sobe dos infernos. É muito belo que os Disparates terminem com uma gravura que dir-se-ia o par exacto, e o contraponto, de uma das tábuas precedentes, esse «Disparate de tontos», disparate dos imbecis em que cinco touros enlouquecidos são projectados no espaço sideral. A última tábua dos Disparates não é horrível, nem talvez tão obscura, como se poderia julgar. Os cinco homens voadores de Goya, musculados, de capacete, planando num céu soberano, não são vítimas precipitadas nos abismos, mas ícaros vencedores, dominando a gravidade que faz cair nas profundezas as bestas desamparadas.  (...)

15.7.14

"Blasée" de camionista

Dinamiteiros da CNT posando para fotografias experimentais a caminho de Zaragoza.
(Alcambel, Huesca, verão de 1936)

estranhos jogos interactivos


FLOWERS FROM EXILE
is a larp about the International Brigades of the Spanish civil war

http://beratta.org/flowersfromexile/

(em 2015)


The Arrow of Gold, o livro dos carlistas do Joseph Conrad

The story is set in Marseille in the 1870s during the Third Carlist War. The characters of the novel are supporters of the Spanish Pretender Carlos, Duke of Madrid.

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Arrow_of_Gold





















http://www2.hn.psu.edu/faculty/jmanis/jconrad/arrowgold.pdf