01/01/14 04:36 PM
Isto é mesmo uma nota de roda pé, mas faz uma diferença em termos culturais, e é mesmo visível entre países nórdicos e sulistas. Quando o M. Luther inicia a reforma protestante (algures no séc xvi), uma coisa fenomenal acontece, que é o levantamento da culpa em relação à acumulação de riqueza e a introdução de uma espécie de dever. Se fizeres o teu "dever" (trabalho), mereces ser rico (és abençoado), e portanto já não estás em pecado e portanto já não vais arder no inferno por toda a eternidade (o que é mais simpático). Isto é doutrinal, claro, na prática a coisa é mais complexa. Este levantamento da culpa (uma verdadeira sofisticação do sistema), cria uma certa paridade entre os "crentes", e muda a relação com o trabalho e com o dinheiro (que segundo o Max Weber - que eu nunca li - é uma das direcções para o capitalismo). A outra coisa fenomenal que o M. Luther vai fazer é a tradução da bíblia do latim para o alemão corrente, a "democratização" do texto sagrado..e aqui quebra-se também o mistério, o maravilhoso da coisa (que está profundamente ligado à ignorância), e com isto os horrores do inferno, a penalização e muito desse imaginário. É mesmo diferente o inferno do norte, do inferno do sul, por exemplo..à mon avis este tipo de questões, que estão completamente embrenhadas no tecido cultural, definem espaços imaginários e contra-campos. Vou dizer isto outra vez: a ibéria tem um inferno/hades/isso do caraças..no geral, o mediterraneo.
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