10/31/13 at 1:23 AM
O facto da república ter sido posta em causa foi o que provocou um rebentamento de coisas extraordinárias e completamente contraditórias que acho fascinantes. O Nordeste e a Catalunha em geral, onde estava a ser construído há vários anos um controle absoluto pelos sindicatos (upa upa indústrial também), com direito a milícias compostas por aventureiros e assaltantes de bancos que aterrorizavam as patronais e asseguravam minimante a protecção dos trabalhadores, "rejubilou" com o golpe da extrema-direita.. Enquanto a república ficou um pouco apanhada de surpresa, em Barcelona os sindicatos armaram da cabeça aos pés a população civil e construíram o fôlego estrutural que fez com que o Franco não fizesse um "smooth-sail" por ali acima (como aconteceu na tuga no golpe de 28 de maio - claro que o território espanhol é mais ardiloso- mas talvez fosse uma questão de dias) já que o Franco tinha exército e polícia e, como se viu, o internacionalismo "democrático" se estava pouco cagando para aquilo. Ou seja o golpe do Franco abriu o jogo e as organizações revolucionárias perceberam que podia ser o seu momento. Gosto de pensar que foi também isso que fez um milhão de mortos (acesso de arrogância mortal), uma teimosia infantil de anarquismo, muito mais interessados com a sua autonomia do que com ganhar uma "guerra civil". Não querer nem espanha nem república mas sim ter a vida ideal aqui e agora e começar a fazê-lo já. Claro que isto bate na cabeça das pessoas, os anarquistas catalães já deviam estar com delírios napoleónicos ao ver a vaga de poder que conseguiam produzir... do caos brotar a oportunidade de fundar um novo tipo de organização social que não fosse um país sequer.
11/18/13 at 2:41 AM
No programa da BBC4 diz Mary Vincent sobre o tecido social espanhol:
"Há uma dependência e uma identificação com a Igreja e com a ordem antecedente que sempre a defendeu. A incapacidade do estado em matérias de segurança social e educação é tão acentuada que a Igreja acaba por cumprir esse papel. E mesmo quando a segunda República avança com um ambicioso plano de reformas sociais e educativas e faz um esforço para substituir a Igreja neste aspecto nunca chega a ter o dinheiro para executá-las."
(acerca da incapacidade dos governos da república de assegurarem a responsabilidade pelo ensino e a onda cavalgada pelos sindicatos)
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